quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A minha história

Tal como muita gente tem diários, eu resolvi criar este blog como sendo o "meu" diário. Porque penso que existe muita gente que já passou ou passa pelo mesmo que eu e que talvez gostasse de falar com alguém que a entendesse tal como eu gostaria. É uma forma de conversarmos e partilharmos histórias sendo que o podemos fazer anonimamente ou mesmo um nome fictício tal como eu.
Tenho a certeza que existe muita gente que não fala sobre isso e vive num inferno constante...


Bem... passando à minha história :)
Começando do inicio, uma semana depois de eu completar o meu 1 ano de idade o meu pai foi baleado a porta de casa e foi aí que tudo na minha vida começou a mudar.
A minha mãe decidiu que queria ir viajar, deixando.me com a minha avó, queria conhecer o mundo, arranjar trabalho para me dar uma "vida melhor". 
Após 5 anos a minha mãe regressa grávida, com um novo namorado e com a noticia de que nos iamos mudar para Portugal. Claro que siim! Melhoria de qualidade de vida, etc etc, mas penso que uma criança de 6 anos não liga muito a isso. Só queria mesmo estar com a minha mãe, penso eu!

Já em Portugal, ficamos em casa dos meus supostos avôs, ou pelo menos deveriam ser como avôs para mim xD 
Logo logo começaram a revelar-se coisas que anteriormente, (antes de a minha mãe decidir mudar-se para o outro lado do oceano), não se sabia. "Ele" era um drogado, viciado não só em esteróides como em muitas outras coisas. Tava a tentar Deixar essa vida mas como todos sabemos é muitoo dificil.
Foi neste periodo que apesar de ter 7 anos, ainda me lembro. Ele a contorcer-se todo na cama, a minha mãe a ajudar e a mãe dele parada na porta a RIR, como se fosse a coisa mais engraçada do mundo. 

Enfim... uma família de malucos. 
Não vou entrar em muitos pormenores e vou adiantar.me um pouco.
Nascimento da minha irmã
A minha mãe deixada sozinha em casa, ainda em recuperação. Os sogros tinham ido de férias para o Alentejo deixando-a com 2 crianças em casa para criar, cheia de pontos e um drogado em fase de reabilitação. 
Não foi facil. Mas de repente tudo acalmou, ele voltou ao normal, ou aquilo que se pode considerar normal naquela familia. 
Voltou a consumir mas em doses mais leves. 

Chegava a casa, punha a bébé a dormir com ele num quarto escuro e ela chorava chorava e não se podia fazer nada :\ A miuda tem medo do escuro até hoje. 
Quando lhe dava comida, mesmo quando esta não queria. Feria-lhe a boca com a colher, a menina até sangrava. 
No meio disto tudo, a minha mãe num estado de depressão grave. 

Arranjamos casa própria. Prontoo... tudo vai melhorar, já não temos que lidar com aqueles velhos! Somos só os quatro.
Com dez anos tive a minha primeira experiência com um homem, não sexo, mas as preliminares, e adivinhem... O pai da minha irmã. 

Esta história nao é facil de contar mas também... qual é ?? 

Disse a minha mãe mas como tinha sido a noite, pensou que eu tinha sonhado... também quem vai acreditar numa menina de 10 anos?? as crianças mentem. 
Não se voltou a repetir durante uns tempos. 
Enquanto isso, ele começou a bater na minha mãe, ela apresentou queixa, ele mudou-se para casa dos pais, tirou-nos a menina durante 7 meses e não nos deixava vê-la. 

Conseguimos vê-la uma vês com escolta policial e vimos logo que ela tinha os labios queimados, uma menina de 3 anos... Disse-nos que a avó lhe dava leite quente e obrigava-a a beber. 
Parece que "aquele" policial não se quis envolver, tando dentro da casa a tomar café com eles. 

Depois de muita luta reavemos a menina, mas ele também volta e é aí que tudo volta a acontecer... 
Decidiu primeiramente tirar.me fotos e de seguida fazer tudo aquilo que vocês possam imaginar menos sexo.
Dizia que ainda era muito pequena.
Deslocou.me uma perna e um ombro. Voltou-os ao lugar a sangue frio e pus gelo.

 Talvez um mês depois tenha arranjado coragem para contar a  minha mãe, eka apresentou queixa mais uma vez mas continuamos a viver com ele. 
Disse-me uma vez quando lhe perguntei: 
- Porquê que continuas com ele depois de tudo o que ele me fez? 
respondeu:
- O que aconteceu entre vocês nao tem nada a ver com a minha relaçao com ele. 

Muito bem ... Tenho de tentar compreender tambem que ela era depressiva, enchia-se naqueles medicamentos, estava magra, vim-se todos os ossos que tinha no corpo. 

Não sei muito bem como foi o desenrolar dos tempos depois, acho que bloqueei isso da minha cabeça. Só me lembro dele sair de casa, e esperarmos pelo julgamento. 

Enquanto esperavamos tentou chegar a mim 4 vezes... Queria fala comigo. Tentou arrastar-me para o quarto mas felizmente tive "sorte".
Fomos ao tribunal e passaram uma ordem de que ele não se podia aproximar de mim... Mas o que é que eu podia fazer e isso acontecesse ? Atirava-lhe o papel a cara ?! tentou mais uma vez mas sem sucesso.
Finalmente, foi julgado e apanhou 10 anos. Agora como ficamos? Fui ao psicologo algumas vezes mas ele nao me conseguiu ajudar, tinha pesadelos constantemente... Chegava a tomar 3 banhos ao dia. 
A minha irmã ficou sem pai.

Mas.. no meio disto tudo a minha mãe começou a recuperar da depressão, hoje trabalha e ja está mais gordinha :)

Não sei se o que eu tive esse tempo todo foi fé, esperança que acabasse, sinceramente não sei! 
Apesar de ja ter passado 3 anos ainda não me sinto completamente bem... Não consigo ter uma relação normal com um rapaz, tenho um namorado mas ainda não tivemos nada de concreto.
Acho que fiquei sem sentimentos. 
Tou com ele por tar, mas esforço.me para ultrapassar isto porque ele é uma pessoa espectacular. 
Não queria que fosse assim mas pronto. 
Tenho de seguir em frente e nao posso fechar.me no meu mundo se não só me afundo cada vez mais. 

Fica aqui este tipo de conselho a todas as raparigas ou mesmo rapazes que passaram pelo mesmo que eu, não desistam de serem felizes, de serem "normais" porque o pior já passou e se ainda tas a passar por isso... Tens de ter força e tentar resolver a situação da melhor maneira possivel porque eu sei como é dificil e não se resolve só ao contar a mãe ou em alguns casos ao pai. Talvez piore. Temos de confiar em alguém que sabemos que nos vai proteger, que vai acreditar, nem que seja a tua directora de Turma. 
Tenho uma conhecida que contou a sua historia a uma professora e acreditem que foi uma grande ajuda. Talvez em alguns casos não resulte mas só o falar com alguém que confiamos é o suficiente para nos sentirmos melhor acreditem. 
Comentem se quiserem. Dêem-me a vossa opinião, contem-me a vossa historia porque como já disse falar AJUDA 

Obrigada